domingo, 26 de agosto de 2012

Mudanças...

        Deitada em sua cama ela estava. Um short e uma camiseta maior que o seu tamanho ela usava. Debaixo de suas cobertas ela se encontrava. Uma chuva aconchegante batia em sua janela e ela lá dentro começou a recordar suas mais latejantes lembranças.
                Ela lembrava de um amigo dela tê-la advertido, certa vez, por assistir tantas comédias românticas, de ler tantos livros com finais já esperados, e que isso não faria bem a sua auto estima. Ela até concordou na época, mas achou que cortar isso de sua vida também não serviria em nada.
          Lembrou do dia que descobriu o amor, do dia em que escolheu sua profissão, quando se mudou da casa de seus pais. Lembrou da última briga com seu irmão, de um dia que correu no parque, da última vez que mudou a decoração do seu apartamento. Ela lembrou que pensara que seria diferente o presente, seria mais emocionante, um pouco mais gratificante, talvez um tanto vibrante. Contudo, parecia meio antigo, distante, desmerecido. Faltava uma peça que há muito procurava, desde a sua adolescência diria. E conforme os anos passavam, sabia bem, conseguia de certa forma preencher essa lacuna com um pseudo motivo.
              Já era três da manhã, fazia frio. Sono? Quem dera. Ela levantou e ascendeu a lareira. Ficou observando o fogo, as cores vivas dele que agora se manifestavam pelo seu lar. Colocou uma música num volume decente e se mudou para o sofá com um pacote de Doritos. Lembrou dos seus tempos de escola. Ah, que saudade daquela gurizada. Das aulas nem ao menos pensava de tão traumatizantes. Saudade das boas e velhas piadas internas, da pegação de pé, dos boatos mais bem espalhados que já viu. Só não sentia saudade de ter que resolvê-los também. Lembrou que naquele tempo, pensava que nunca mais se separaria de seu grupo, mas quem dera ela soubesse que tantas expectativas criadas se perderiam no tão cruel tempo.
          De repente, ecoou na sala algumas notas já tão conhecidas e chegou o momento de lembrar das músicas. A trilha sonora de sua adolescência inteira. Eram tantas, de tão diferentes cantores. Lembrava que no quarto onde crescera havia letras espalhadas pelas paredes e janelas. Sorriu com essa ideia. Sentia-se feliz que algumas daquelas músicas ainda eram recentes.
        E então, junto com o estalo de um pinha que se definhava no fogo, ela percebeu que assim como nos filmes de comédia romântica, a vida dela tem uma personagem principal, a qual possui sonhos, influências, desafios e teimosias. Porém percebeu que nem sempre é tudo tão doce porque, realmente, às vezes pegamos umas balas amargas de dentro pacote. Já com os livros, ela aprendeu que palavras não têm limites, pode usá-las e desdobrá-las, entretanto, cuidado, nunca apagá-las.
             Decidiu naquele momento que a decoração estava na hora de mudar, a trilha sonora precisava se renovar e quem sabe assim aquele dia nublado que acabara de nascer não se tornasse um paraíso no qual ela se orgulhasse de viver.

domingo, 19 de agosto de 2012

Querer Ser...

Penso em você
Imagino se lembra da cor dos meus olhos
Porque eu lembro dos seus
Imagino se você sabe minhas músicas prediletas
Porque eu sei até a letra das suas

Penso em mim
E assim como um lince que se esgueira sem ter por quê
Cá estou eu novamente escondida atrás de minhas palavras peculiares
Buscando um sentido para tantos olhares

Estranhos e enfurecidos
Perdidos e acalentadores
Olhares julgadores atingem minha alma
Nossas almas então melhor dizendo
E vivem querendo
O que talvez não seja o melhor
Mas apenas por querer o que nós guardamos com tanto carinho
E acabam sem querer 
Esquecendo seus próprios caminhos


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Se fosse...

Um amor um tanto anormal
Temo em dizer até mesmo muito cordial
No meio de uma sociedade que considera tudo tão banal

Sutil, delicado, escondido, esquecido
Fervoresce, cresce, demonstra, se esquece
Tão esbelto, verdadeiro, apaixonado, em obsoleto
Camuflado, desejado, indesejado, em Mileto

Ah, se fosse assim tão simples
Quanto as folhas que caem singelas
Avulsas nas tarde de outono
Que não desejam se mostrar belas



sábado, 11 de agosto de 2012

Mas o Quê?

Ah, esses caminhos
Rosetas, cercas e pergaminhos
Amassados, quebrados, até um pouco riscados

Ah, nossos sonhos
Delicados, esperados, um tanto risonhos
Frustrados, alcançados, de qualquer forma acreditados

Ah, o presente
Assustador, estremecedor, rico em chances
Se apresenta, nos deixa, logo volta
Não faz sentido, é a partida na certeza do retorno, é o amanhã com escolta

Ah, o amanhecer do sol
O esperado ontem
O olhar já trocado
O sorriso conquistado
O amor já cativado