quinta-feira, 1 de maio de 2014

Pode ser um gato.

       Vejo por aí que muita gente critica John Green de uma forma bem intensa, alegando que seus livros são previsíveis, muito "água com açúcar", puros demais para o cotidiano que encontramos fora daquelas páginas. Sabe, admiro John Green muito antes de os rumores sobre o lançamento de um filme com base no seu livro começar. Minha primeira dose se deu com "A Culpa é das Estrelas" confesso, que logo seguiu para "Cidades de Papel", "Quem é você, Alasca?", "O Teorema Katherine" e, por fim, "Will Grayson, Will Grayson", o qual é uma parceria de John Green com David Levithan, na verdade.
        Não foi difícil me apaixonar por cada personagem e logo me acostumar com a escrita de John Green. Cada metáfora, cada ironia, cada passo que quase podia sentir no chão à minha frente. Cada Mountain Dew bebido por seus personagens em todos os livros, despertaram em seus leitores a sua devoção. Muitos criticam isso também, que ele induz as pessoas a acreditarem nas suas teorias mais diversas, mas, ora, perdoem-me: ele apenas faz você ter curiosidade e refletir sobre elas.
       Ultimamente, então, peguei-me pensando sobre o último experimento citado no livro "Will Grayson, Will Grayson" que havia me parecido tão interessante. Mesmo sem muitas noções da mecânica quântica, os autores colocaram em questão a suposição de Erwin Schrödinger, lá em 1935. De uma forma bem básica, segundo o experimento dele, havia um gato dentro de uma caixa lacrada e, junto dele, um veneno letal ao gato e um martelo. O que decidiria se o frasco de veneno iria quebrar ou não, seria o mecanismo que está ligado ao martelo, que às vezes aciona, às vezes não. Segundo a física quântica, depois de um tempo dentro da caixa, o gato estaria tanto vivo quanto morto, os dois ao mesmo tempo, pois nunca poderíamos saber se o frasco foi quebrado ou não, a menos que tomemos a decisão de abrir a caixa e ver. E, sabe, não é o que acontece com nossas vidas, às vezes?
        Tudo bem que há momentos que não temos como sanar essa questão, como a espera do listão de vestibular em que o sim e o não são inerentes, mas tem situações que a gente pode sim abrir a caixa com nossas próprias mãos e ver o que acontece. Também concordo que uma faca de dois gumes um dia acaba por te fazer sangrar, mas viver naquele sim e não simultâneo não é uma boa forma de te privar de um momento que pode ser bom simplesmente com a suposição de que ele possa vir a não ser. 
         É só mais uma caixa, é só mais uma probabilidade, então por que não abrir e ver que o gato pode estar vivo?