Vejo por aí que muita gente critica John Green de uma forma bem intensa, alegando que seus livros são previsíveis, muito "água com açúcar", puros demais para o cotidiano que encontramos fora daquelas páginas. Sabe, admiro John Green muito antes de os rumores sobre o lançamento de um filme com base no seu livro começar. Minha primeira dose se deu com "A Culpa é das Estrelas" confesso, que logo seguiu para "Cidades de Papel", "Quem é você, Alasca?", "O Teorema Katherine" e, por fim, "Will Grayson, Will Grayson", o qual é uma parceria de John Green com David Levithan, na verdade.
Não foi difícil me apaixonar por cada personagem e logo me acostumar com a escrita de John Green. Cada metáfora, cada ironia, cada passo que quase podia sentir no chão à minha frente. Cada Mountain Dew bebido por seus personagens em todos os livros, despertaram em seus leitores a sua devoção. Muitos criticam isso também, que ele induz as pessoas a acreditarem nas suas teorias mais diversas, mas, ora, perdoem-me: ele apenas faz você ter curiosidade e refletir sobre elas.
Ultimamente, então, peguei-me pensando sobre o último experimento citado no livro "Will Grayson, Will Grayson" que havia me parecido tão interessante. Mesmo sem muitas noções da mecânica quântica, os autores colocaram em questão a suposição de Erwin Schrödinger, lá em 1935. De uma forma bem básica, segundo o experimento dele, havia um gato dentro de uma caixa lacrada e, junto dele, um veneno letal ao gato e um martelo. O que decidiria se o frasco de veneno iria quebrar ou não, seria o mecanismo que está ligado ao martelo, que às vezes aciona, às vezes não. Segundo a física quântica, depois de um tempo dentro da caixa, o gato estaria tanto vivo quanto morto, os dois ao mesmo tempo, pois nunca poderíamos saber se o frasco foi quebrado ou não, a menos que tomemos a decisão de abrir a caixa e ver. E, sabe, não é o que acontece com nossas vidas, às vezes?
Tudo bem que há momentos que não temos como sanar essa questão, como a espera do listão de vestibular em que o sim e o não são inerentes, mas tem situações que a gente pode sim abrir a caixa com nossas próprias mãos e ver o que acontece. Também concordo que uma faca de dois gumes um dia acaba por te fazer sangrar, mas viver naquele sim e não simultâneo não é uma boa forma de te privar de um momento que pode ser bom simplesmente com a suposição de que ele possa vir a não ser.
É só mais uma caixa, é só mais uma probabilidade, então por que não abrir e ver que o gato pode estar vivo?