segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Estava eu passando a minha farda quando olho pela janela.


De uma forma estranha, os carros não cessavam e o sol não tinha jeito de ser pôr.  Pensei que talvez fosse pelo fato de estar um pouco frio e, sei lá, a lua o tivesse pedido para que ficasse um pouco mais.

Tenho a certeza de que a lua nem sempre me acompanhou em todos os momentos mais nostálgicos ou talvez migratórios da minha vida, mas ela nunca se mostrou uma má companhia. Ela sempre foi sutil e muitas vezes me fez esquecer o que me agoniava. Estranho pensar, de fato, que ela também estava comigo em meus melhores sonhos, ainda que eles tenham se tornado uma raridade dentro de alguns dias. Ela estava lá quando eu percebi que não tinha mais o que fazer, quando escrevi mais do que minhas mãos deveriam suportar, quando vi um filme que me fez pensar, quando havia um livro que não me deixava descansar e também, inesperadamente, em algumas manhãs quando saía de casa para mais um dia imprevisto e sorteado nessa capital sem um devido lar.

De certa forma, ela me mostrou que tu nunca vai saber a hora que o fim chegará. Então, quando perceber, pedirá por apenas mais 5 minutos daquele sentimento. Aqueles 5 minutos adicionais que você se dá por direito ao final de cada momento marcante da tua vida. É como se tu te sentisse menos culpado ao prorrogar algo que foi (ou está sendo) bom. Como se tu tivesse aproveitado mais, vivido mais. Quando na realidade, nada passou do que realmente era para ser e dos seus minutos a mais.

Por muitas vezes prolonguei alguns momentos apenas para ter a certeza de que fiz o que realmente poderia até o fim. Esperei que as salas ficassem vazias e que no pátio houvessem apenas as folhas sob a brisa fria. Esperei para ouvir cada última palavra e aguardei, também, que o ferro secasse as borrifadas que dei em minha vestimenta para frisar.

É lógico que este texto não tem uma linha para seguir. Nem sempre falei da lua quando me referia a meus agradecimentos, e nem também da minha farda. Tudo acaba por se misturar, assim como os sentimentos que teimam em queimar. Chegamos no fim, andando cautelosamente em nosso flautim. Compusemos tão bem as nossas narrativas, que conseguimos vive-las sem menores iguarias. Nada no mundo nos fará repetir esse doce cansaço que queremos, por ora, extinguir.