quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Um dia que talvez não tivesse nada para se tornar memorável...

       Estranho pensar que nem sempre temos um motivo para levantar da cama, então você lembra daquele pequeno detalhe ocorrido no dia anterior que o fez interessante. Revira-se nas cobertas e decide logo se vestir para enfrentar o dia, antes que o pessimismo te permita que fique em seu quarto.
       Incrível o número de oportunidades presente em apenas vinte e quatro horas de nossas vidas. Pensemos que a percepção desse tempo depende do que cada um decide fazer com ele. Esperar, angustiar, sofrer, deixar para lá, desistir, brilhar. Enfim, uma imensidão de escolhas. Hoje tinha tudo para ser um dia normal, só que para nós, alunos, ele acabou se sobressaindo. Sabíamos que um evento haveria no estádio General Cipriano, mas não sabíamos como ele se daria.
       Ajeitamos os dispositivos. Lá estavam os três pelotões como guarda de honra, os postos de flâmulas e aqueles alunos destinados a ajudarem na entrega das medalhas aos militares. Rostos enfrentando o sol, o braço tremendo ao segurar a flâmula do vento. Assim ficamos por horas a fio, sem perceber que o tempo passava. Dava-se os toques de corneta e, evidentemente, nos mexíamos com certo alívio. Presenciamos entregas de condecorações, diversos discursos, comemoração dos 175 anos da Brigada Militar e uma formatura de Curso Básico de Administração da Polícia Militar. Posso dizer que estar lá foi motivo de se sentir honrado, afinal, tínhamos um lugar privilegiado para assistir a tudo que ali ocorria. A banda da Brigada estava perfeita e os alunos do Tiradentes impecáveis. Depois de um ano longe de suas famílias, muitas vezes interioranas, os novos tenentes recebiam suas merecidas estrelas nas divisas e bem lustradas espadas.
        Ao fim de três horas e meia, deu-se início ao desfile. Logo ao marcar passo, percebemos nossos joelhos relutarem a dobrar e as flâmulas de ficarem em nossos ombros enquanto o vento soprava. Foi quando a chuva passou a se salientar. Retornamos a caserna ainda com muito garbo e mesmo um tanto doloridos, estávamos certa forma felizes pela oportunidade. De tantos alunos e jovens que poderiam estar ali, éramos nós. 
       Por muitas vezes pensamos em largar tudo. Vemos tantas injustiças na vida que acreditamos não ter mais esperanças. Entretanto é por momentos como esse de hoje que continuamos buscando nosso ideal, que continuamos a nos emocionar, que aprendemos a superar. Pensem vocês agora, o que seria do mundo se qualquer empecilho impedisse qualquer um de seguir seu rumo. Pode ser que hoje não vejamos isso, mas daqui há um tempo, olharemos as fotos e saberemos que ali era exatamente o lugar em que deveríamos estar. E é disso que sentiremos orgulho.