domingo, 9 de dezembro de 2012

Fica um pouco mais claro...

   Por algum motivo qualquer você se põe a pensar durante uma noite finda de um domingo ensolarado. Já é segunda-feira e cá estou eu num quarto escuro. Lamento por lembrar que a vida não é tudo aquilo que pensei na infância. Lamento por pensar que o tempo pode machucar o mais forte dos corações e também por saber da distância. Lamento por saber que já magoei pessoas tão importantes e por ter a certeza de que tornarei a machucá-las. Lamento por pensar que já deixei muitas portas se fecharem num passado quase definhado.
    Sorrio por saber que cada ano na vida tem seus altos e baixos. Analisando de um modo geral, foi tudo por uma causa maior e, se não acontecesse, o ano não teria sido tão interessante, embora pudesse ter sido menos conflituoso. Sorrio por saber que haverá pessoas para lutar por mim quando eu precisar e sorrio por conseguir dizer que eu lutaria por algumas também, assim como um dia fiz. Sorrio por ainda acreditar num futuro já incerto feito de escolhas que não dependem só de mim. Sorrio por pensar na criança que fui, que mesmo não sabendo como agir às vezes, ainda assim tentava. Sorrio por lembrar que aquela criança se tornou uma adolescente  um tanto romântica e um pouco repleta de sonhos.
    Pensei um dia que tudo que eu tinha era uma pedra. Minha imaginação transformou aquela pedra numa semente. Hoje, aquela semente ainda possui galhos frágeis, algumas folhas já perenes, outras quase deixando seu bulbo. Percebo contente que aquela semente possui mais raízes que orvalho, mas é estranho ver que seu tronco está um pouco frisado. Alguns de seus galhos já foram podados e outros, de secos, acabaram sendo levados pelo vento. Poucos continuam insistentemente ali, intactos com o passar dos anos.  
   Compreendi que, igualmente à nossa vida, essa semente possui um fator preponderante para continuar crescendo: é ter a certeza de que um dia, ah, sim, um dia, ela encontrará uma árvore exatamente no formato que ela sempre sonhou em ser. E, como numa sintonia fina, continuará sendo, daquele dia em diante.


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Um dia que talvez não tivesse nada para se tornar memorável...

       Estranho pensar que nem sempre temos um motivo para levantar da cama, então você lembra daquele pequeno detalhe ocorrido no dia anterior que o fez interessante. Revira-se nas cobertas e decide logo se vestir para enfrentar o dia, antes que o pessimismo te permita que fique em seu quarto.
       Incrível o número de oportunidades presente em apenas vinte e quatro horas de nossas vidas. Pensemos que a percepção desse tempo depende do que cada um decide fazer com ele. Esperar, angustiar, sofrer, deixar para lá, desistir, brilhar. Enfim, uma imensidão de escolhas. Hoje tinha tudo para ser um dia normal, só que para nós, alunos, ele acabou se sobressaindo. Sabíamos que um evento haveria no estádio General Cipriano, mas não sabíamos como ele se daria.
       Ajeitamos os dispositivos. Lá estavam os três pelotões como guarda de honra, os postos de flâmulas e aqueles alunos destinados a ajudarem na entrega das medalhas aos militares. Rostos enfrentando o sol, o braço tremendo ao segurar a flâmula do vento. Assim ficamos por horas a fio, sem perceber que o tempo passava. Dava-se os toques de corneta e, evidentemente, nos mexíamos com certo alívio. Presenciamos entregas de condecorações, diversos discursos, comemoração dos 175 anos da Brigada Militar e uma formatura de Curso Básico de Administração da Polícia Militar. Posso dizer que estar lá foi motivo de se sentir honrado, afinal, tínhamos um lugar privilegiado para assistir a tudo que ali ocorria. A banda da Brigada estava perfeita e os alunos do Tiradentes impecáveis. Depois de um ano longe de suas famílias, muitas vezes interioranas, os novos tenentes recebiam suas merecidas estrelas nas divisas e bem lustradas espadas.
        Ao fim de três horas e meia, deu-se início ao desfile. Logo ao marcar passo, percebemos nossos joelhos relutarem a dobrar e as flâmulas de ficarem em nossos ombros enquanto o vento soprava. Foi quando a chuva passou a se salientar. Retornamos a caserna ainda com muito garbo e mesmo um tanto doloridos, estávamos certa forma felizes pela oportunidade. De tantos alunos e jovens que poderiam estar ali, éramos nós. 
       Por muitas vezes pensamos em largar tudo. Vemos tantas injustiças na vida que acreditamos não ter mais esperanças. Entretanto é por momentos como esse de hoje que continuamos buscando nosso ideal, que continuamos a nos emocionar, que aprendemos a superar. Pensem vocês agora, o que seria do mundo se qualquer empecilho impedisse qualquer um de seguir seu rumo. Pode ser que hoje não vejamos isso, mas daqui há um tempo, olharemos as fotos e saberemos que ali era exatamente o lugar em que deveríamos estar. E é disso que sentiremos orgulho.

 

domingo, 28 de outubro de 2012

Sua partida seria um recomeço...

       O vento entra pelas venezianas de minha janela. O convido a entrar, lhe é mostrada a casa e assim o assisto ir embora novamente. Temo em dizer que foram as visitas mais rápidas que já recepcionei. Um simples beijo em minha face e lá se foi ele. Silencioso, fugaz, livre.
      Posso dizer que sinto sua falta quando as fortes chuvas o impedem de acenar para mim. Então busco sua presença ao notar as folhas das árvores, já dispostas no chão, sendo arrastadas para longe.
        O que realmente me encanta nesta gesticulação toda é que, embora o vento me envolva, ele me liberta. Embora lute contra minha ida, ele se aquieta, respeitosamente, e espera minha partida. Quando percebo, lá vem ele atrás de mim, apenas se certificando de que tudo ficará bem. E mesmo querendo eu que ele não me deixe, também deverei ceder à sua vontade de seguir adiante. Gostosa é nossa relação.
         Penso que não importa se falamos um para o outro: "Não se preocupe comigo.", óbvio que o faremos. Assim como perceberei algo errado caso ele não sopre por alguns dias, o mesmo ele fará caso minha janela fique cerrada por muito tempo.
         Vivemos uma vida de saudade, é verdade, mas nada que alguns minutos juntos não nos faça esquecer. Se estes se fazem apenas esporadicamente, é o suficiente. Simplesmente para eu saber que tudo entre a gente ainda pode ser intenso. Afinal, mesmo que não o veja, ainda sou capaz de senti-lo.




sábado, 27 de outubro de 2012

Café Literário...

       É incrível pensar que o fim do ano se aproxima. Penso em tudo que fiz e parece tão pouco, mas ao mesmo tempo sinto como se tivesse sido muito.
       Tivemos então, na manhã de hoje, uma atividade no Colégio Tiradentes. Um café literário, no qual os alunos expuseram seus trabalhos realizados no primeiro trimestre de 2012. Nós sabíamos que essa data chegaria, só que nos deparamos com ela um tanto cedo para nossas expectativas. Trabalhamos arduamente para que tudo desse certo. A professora organizadora então, Juliana Boeira, como correu nas últimas semanas atrás dos preparativos. Foi um tanto quanto emocionante estar ali vendo tudo dar tão certo depois de determinados momentos em que parecia que o mundo desabaria. 
    Seria equívoco de minha parte desconsiderar alguns agradecimentos. Obrigada, claro, aos professores organizadores que nos proporcionaram tal oportunidade de descontração meio à uma semana carente de sorrisos. Obrigada aos colegas que cooperaram com absolutamente tudo. Posso, e tenho certeza quando o faço, falar que todos, ao menos da minha turma, colaboraram. Seja levando os doces, organizando a mesa ou lendo seus poemas. Seja recebendo convidados, chegando na hora para cumprirem seus deveres ou na faxina no fim da comemoração. Agradeço aos atores e declamadores, afinal, sem eles não seria possível assistirmos tão excepcionais e emocionantes apresentações. Impossível não recordar cada mínimo detalhe nesta data presente. Guardanapos desenhados, bolos coloridos, cupcakes delicados.
         A cada nova entrada de palco, a cada diferente palavra pronunciada e lá vinham as lágrimas nos olhos daqueles que assistiam. Era deveras de grande satisfação ver o orgulho nos olhos de nossos professores, sorrindo e aplaudindo seus numerosos alunos.
       Tenho certeza que em cada um, esse dia deixou uma marca. Doce e cativante, se foi nossa espera. Restaram fotografias, memórias e talvez algumas guloseimas, mas estas últimas não durarão muito tempo. Diferente das primeiras, as quais ficarão ou nas estantes do quarto em porta-retratos ou simplesmente naquela estante mais especial que suporta um grande peso, uma estante chamada coração.     






quarta-feira, 3 de outubro de 2012

E tinha que ser logo agora?


E foi numa tarde úmida que ele percebeu o ano chegando ao fim.
Setembro nem sempre fora um mês tão interessante, mas para Otávio, até que esse estava se mostrando bem saliente. Ocorreram algumas brigas que o chatearam mais do que já pudera imaginar, algumas pessoas o surpreenderam tanto positiva quanto negativamente e passou a fazer certas atividades que há anos não se encontrava tempo para fazer. Deixou a internet de lado por um tempo e percebeu com isso que suas relações mudaram. Era como se quisesse ainda mais levantar de manhã para encontrar com aqueles que o faziam se sentir bem. Sabia que tinha saudade de ficar até de madrugada conversando nas sextas à noite, mas era deveras gostoso viver uma vida diferente. A dos livros.
Veio então a época das fortes chuvas. Eternizaram-se por três dias. Nada havia de fazer fora da casa. Arrumou seu quarto, mudou os móveis de lugar, fez uma limpeza no guarda-roupa, repintou alguns quadros velhos e desbotados. Até que um dia amanheceu e o vento já havia levado as nuvens escuras para longe. De volta a vida normal, Otávio foi acordado às oito horas da manhã de um sábado com uma ligação de Raquel:
- Vamos ao parque! - convidou ela.
- Não dá para ser à tarde? - contradisse ele.
- Ai, como reclama. Te encontro no teu apartamento em quarenta e cinco minutos. Sem discussão.
Raquel sabia que se ela não puxasse, Otávio não sairia. Então quando ela chegou, ainda teve que esperar ele colocar uma roupa apresentável. No parque, apenas conversaram por horas. Otávio contou sobre o que se passava em seu coração e Raquel o que se passava em sua mente. Foi estranho? Sim, foi estranho, mas foi como se por um instante ninguém soubesse de suas existências. Como se ninguém se importasse com eles a não ser eles mesmos, algo que gostariam que ocorresse mais seguidamente.  Compraram um algodão doce, tocaram o violão que Raquel havia levado, partilharam histórias ocorridas antes mesmo de se conhecerem e algo que não faziam desde os seis anos de idade, acenaram para um avião que arranhava os céus de Porto Alegre. Olharam no relógio, marcava duas e meia. Não é à toa que estavam se desdobrando de fome.
Foram ambos para a casa de Otávio e permaneceram lá assistindo um filme depois de alguns sanduíches. Logo que a pizza chegou, já de noite, Raquel viu que estava na hora de ir embora. Ela sabia que Otávio jamais sairia nem ao menos para leva-la até o elevador. Então levantou, pegou sua mochila e se dirigiu à porta.
-       Tchau, Otávio. Até um dia desses. Te cuida!
Ele não respondeu e a assistiu sair pela porta. Quando Raquel ouviu o elevador chegar ao seu andar, ouviu também um som vindo do apartamento. A porta se abriu.
-       Eu te levo em casa. – Disse Otávio ainda olhando para o chão
com a mão na maçaneta de sua porta.
            Raquel sorriu. Otávio enfim levantou o olhar. Caminharam até entrarem no elevador, a porta se fechou atrás deles. De repente, um som muito alto ecoou, tudo parou e escureceu. Otávio cutucou Raquel:
            - Depois reclama que eu não saio de casa.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Recente Para Sempre...

E que os raios de sol reflitam em meu rosto
As lágrimas que agora escorrem por minha pele
E que não se atreva a deixar marcas
Pois se não terei sempre que responder com palavras já traçadas

"São marcas de um amor vivido
Agora passado, não esquecido
Mas valorizado e envelhecido
Marcas de uma vida contente
Alegre, não carente
Mas que se perpetua no presente"


domingo, 23 de setembro de 2012

Uma volta por aí...


            Em pleno feriado, então, você decide sair para comprar alguns materiais para fazer um trabalho escolar. Sai a caminhar até o centro da sua cidade, algo que você não fazia há anos e observa algumas cenas interessantes.
            Logo na primeira esquina você escuta uma propaganda de um minimercado qualquer da região. O som é realmente alto atrás de você e se aproxima cada vez mais de onde você se encontra. Pensa na possibilidade de ser um carro grande a divulgar aquela propaganda a tal volume, e tem a infeliz decisão e virar para ver o que realmente está acontecendo. Tudo que você enxerga é um fusca laranja (sim, um fusca e sim, laranja), com uma enorme e relutante caixa de som sobre seu teto, o qual está dobrando a rua.
            Volta a caminhar e por volta de trinta minutos nada significativo acontece. Acaba descobrindo que a sua prefeitura não fora pintada por inteiro, você vê uma menina utilizando um cartão telefônico num orelhão e descobre algumas lojas novas que abriram nos últimos meses. Até que com toda aquela função de atravessar a rua aqui, atravessar a rua ali, em uma dessas faixas de segurança você se depara com um personagem de um filme da DreamWorks. Você realmente não vê sentido nenhum naquilo, muito menos nos cinco dígitos que ele carrega nas mãos. Então uma pessoa lhe lembra que é ano eleitoral e que cinco dígitos seria para se votar em um vereador. Você ri da situação e míseros segundos depois, pasmem, lhe entregam um panfleto com uma foto do personagem ao lado da do candidato e, o mais incrível, nem a aparência nem o nome do candidato se compara ao do personagem. Agora sim, tudo faz sentido, não?!
            Mas enfim, que quero com tudo isso? Lembro-me que é estranho andar por ruas há muito não circuladas e apavorante perceber que nada mudou. Como pode os anos não alterarem alguns modos de vida, jeitos de ser ou, modos de se portar?! Alteraram apenas um pouco da estética, só que deixou a essência intocada, quase incorrigível. O sentido da humanidade sempre pensei ser a mudança, a novidade. Alguns sociólogos creem que usar o termo “evolução” não está correto pois assim estaríamos comparando diferentes sociedades e povos. Mas por que um povo não pode, digamos, não evoluir, mas, mudar sua essência? Simplesmente começar a ser diferente do que um dia já foi.
            A vida carece de mudança. Cair na rotina, como dizem, é algo não muito desejado por ninguém, só que o detalhe é que às vezes já estamos nela e nem ao menos percebemos. Concordemos que tradição é fazer algo porque aquilo é importante e transmite certo sentimento à você, mas esquecer de trazer emoção à sua vida, é bem destoante.

domingo, 26 de agosto de 2012

Mudanças...

        Deitada em sua cama ela estava. Um short e uma camiseta maior que o seu tamanho ela usava. Debaixo de suas cobertas ela se encontrava. Uma chuva aconchegante batia em sua janela e ela lá dentro começou a recordar suas mais latejantes lembranças.
                Ela lembrava de um amigo dela tê-la advertido, certa vez, por assistir tantas comédias românticas, de ler tantos livros com finais já esperados, e que isso não faria bem a sua auto estima. Ela até concordou na época, mas achou que cortar isso de sua vida também não serviria em nada.
          Lembrou do dia que descobriu o amor, do dia em que escolheu sua profissão, quando se mudou da casa de seus pais. Lembrou da última briga com seu irmão, de um dia que correu no parque, da última vez que mudou a decoração do seu apartamento. Ela lembrou que pensara que seria diferente o presente, seria mais emocionante, um pouco mais gratificante, talvez um tanto vibrante. Contudo, parecia meio antigo, distante, desmerecido. Faltava uma peça que há muito procurava, desde a sua adolescência diria. E conforme os anos passavam, sabia bem, conseguia de certa forma preencher essa lacuna com um pseudo motivo.
              Já era três da manhã, fazia frio. Sono? Quem dera. Ela levantou e ascendeu a lareira. Ficou observando o fogo, as cores vivas dele que agora se manifestavam pelo seu lar. Colocou uma música num volume decente e se mudou para o sofá com um pacote de Doritos. Lembrou dos seus tempos de escola. Ah, que saudade daquela gurizada. Das aulas nem ao menos pensava de tão traumatizantes. Saudade das boas e velhas piadas internas, da pegação de pé, dos boatos mais bem espalhados que já viu. Só não sentia saudade de ter que resolvê-los também. Lembrou que naquele tempo, pensava que nunca mais se separaria de seu grupo, mas quem dera ela soubesse que tantas expectativas criadas se perderiam no tão cruel tempo.
          De repente, ecoou na sala algumas notas já tão conhecidas e chegou o momento de lembrar das músicas. A trilha sonora de sua adolescência inteira. Eram tantas, de tão diferentes cantores. Lembrava que no quarto onde crescera havia letras espalhadas pelas paredes e janelas. Sorriu com essa ideia. Sentia-se feliz que algumas daquelas músicas ainda eram recentes.
        E então, junto com o estalo de um pinha que se definhava no fogo, ela percebeu que assim como nos filmes de comédia romântica, a vida dela tem uma personagem principal, a qual possui sonhos, influências, desafios e teimosias. Porém percebeu que nem sempre é tudo tão doce porque, realmente, às vezes pegamos umas balas amargas de dentro pacote. Já com os livros, ela aprendeu que palavras não têm limites, pode usá-las e desdobrá-las, entretanto, cuidado, nunca apagá-las.
             Decidiu naquele momento que a decoração estava na hora de mudar, a trilha sonora precisava se renovar e quem sabe assim aquele dia nublado que acabara de nascer não se tornasse um paraíso no qual ela se orgulhasse de viver.

domingo, 19 de agosto de 2012

Querer Ser...

Penso em você
Imagino se lembra da cor dos meus olhos
Porque eu lembro dos seus
Imagino se você sabe minhas músicas prediletas
Porque eu sei até a letra das suas

Penso em mim
E assim como um lince que se esgueira sem ter por quê
Cá estou eu novamente escondida atrás de minhas palavras peculiares
Buscando um sentido para tantos olhares

Estranhos e enfurecidos
Perdidos e acalentadores
Olhares julgadores atingem minha alma
Nossas almas então melhor dizendo
E vivem querendo
O que talvez não seja o melhor
Mas apenas por querer o que nós guardamos com tanto carinho
E acabam sem querer 
Esquecendo seus próprios caminhos


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Se fosse...

Um amor um tanto anormal
Temo em dizer até mesmo muito cordial
No meio de uma sociedade que considera tudo tão banal

Sutil, delicado, escondido, esquecido
Fervoresce, cresce, demonstra, se esquece
Tão esbelto, verdadeiro, apaixonado, em obsoleto
Camuflado, desejado, indesejado, em Mileto

Ah, se fosse assim tão simples
Quanto as folhas que caem singelas
Avulsas nas tarde de outono
Que não desejam se mostrar belas



sábado, 11 de agosto de 2012

Mas o Quê?

Ah, esses caminhos
Rosetas, cercas e pergaminhos
Amassados, quebrados, até um pouco riscados

Ah, nossos sonhos
Delicados, esperados, um tanto risonhos
Frustrados, alcançados, de qualquer forma acreditados

Ah, o presente
Assustador, estremecedor, rico em chances
Se apresenta, nos deixa, logo volta
Não faz sentido, é a partida na certeza do retorno, é o amanhã com escolta

Ah, o amanhecer do sol
O esperado ontem
O olhar já trocado
O sorriso conquistado
O amor já cativado




sexta-feira, 20 de julho de 2012

Um dia...

Nem sempre os dias serão interessantes, nem sempre terão algum momento marcante. Há dias em que passo horas revirando minha mente atrás de respostas, quando às vezes nem ao menos as perguntas formuladas eu possuo. Até que um sentimento de nostalgia toma conta de minhas lembranças e nada melhor pra ter diante de meus olhos neste momento do que este pôr-do-sol adentrando e iluminando as paredes de meu quarto nesta tarde tão gélida de um infindável julho...
 
 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Aleatoriedades...

    Sabe, aprendi de um modo meio doloroso que ignorar nem sempre é a melhor iniciativa a se tomar. Dói viver na incerteza de uma amizade que talvez se dilacerará. Dói saber que pelo simples fato de você ter seguido em frente machucou alguns poucos e bons que você jamais queria ter ferido. Às vezes nem sabemos que o que estamos fazendo os ferem, afinal as pessoas geralmente se calam ao serem atingidas.
    Acredite em mim quando digo que confiança é muito relativa. Acredite quando digo que nem todos têm o dom de confiar. O passado define o futuro de cada um. Um pleonasmo? Talvez, mas não deixa de ser verdade não é mesmo!?
    Sentir falta é lembrar da pessoa a cada passo que você dá. É olhar para uma vitrine e saber que ela amaria aquele presente. É ler um livro e saber que ela adoraria viver aquela história. É ler um texto e saber que foi escrito por aquela pessoa pelo simples modo de dispor as palavras, os pensamentos. Eu realmente não devia estar com esse pensamentos ultimamente, minha vida está indo para o rumo que eu sempre escolhi. Porém, não deixo de sentir falta de alguns sorrisos pela manhã, alguns comentários à tarde, algumas conversas à noite.
     Não se afastem daqueles que você ama por motivos bobos. Não deixe uma história morrer porque uma pessoa nova surgiu, que custa simplesmente deixá-la fazer parte da continuação de um roteiro ao invés de se criar um novo?
    Entenda que as relações mais importantes de sua vida são aquelas que pessoas aleatórias tentarão destruir. Entretanto, não as deixe vencer, pois assim que elas tiverem uma oportunidade, elas soltarão a sua mão.

sábado, 16 de junho de 2012

We bought a Zoo...

       O que há de melhor para se fazer numa tarde gélida do que uma crítica de um filme há pouco assistido?!
     Com um título um tanto infantil que pode não chamar atenção de um grande público, "Compramos um zoológico" é definitivamente um dos melhores filmes baseados em fatos reais que eu já assisti. Não só porque ninguém morre no final, mas porque o desenrolar da história traz uma gama de situações sem muita justificativa no início, mas que no desfecho da história tudo pode ser compreendido.
        O filme se baseia numa família da cidade que acaba, por algum motivo, querendo se mudar da casa onde se encontram. O pai (Benjamin) e sua filha mais nova (Rosie) vão em busca de um novo lar para morarem. Após muito tempo de visitações, finalmente Rosie escolhe uma linda e grandiosa casa. Afastada da zona urbana, para revolta de Dylan, o filho mais velho de Benjamin. Ficaram então sabendo que aquela casa não seria tão simples de eles comprarem ou de apenas morarem. Para surpresa deles, estavam prestes a comprar um Zoológico.
        Benjamin abraçou a ideia. Rosie, obviamente, ao auge de seus sete anos, se orgulhou do pai. Dylan, por outro lado, resmungou durante muito tempo. Ninguém no filme entendia o porquê de Benjamin lutar tanto por aquilo. Ninguém entendia, mesmo que ele não tivesse mais dinheiro, porquê ele não parava de tentar salvar o local. 
     Não vou contar agora, aqui e em poucas palavras a cena mais emocionante do filme que explica a moral do enredo. Deixarei aberta à curiosidade e vontade de cada um de vocês que estão lendo essa pequena crítica querer ou não assitir o filme. Apenas destacarei a mensagem mais interessante que eu jamais havia pensado na possibilidade de ser real: 
"Vinte segundos de muita coragem, é só o que você precisa para atingir a plena felicidade e mudar completamente toda a sua vida. Vá em frente por apenas vinte segundos. O resto, meio que virá por conseguinte."
 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O que realmente importa...

       Às vezes quando eu penso que ficarei bem sozinha, me encontro surpreendentemente procurando algo no qual me segurar. Pessoas, momentos, músicas, desdobramentos, me mantêm aguentando firme. 
      De repente me encontro no meio de um feriado desejando estar, por um momento que seja, num lugar qualquer, desde que em meio aqueles que fazem meus sorrisos mais intensos. Nunca havia acreditado que a distância poderia nos falar tanto sobre as pessoas que realmente gostamos, mas sabe, ultimamente tenho acreditado nessa afirmação cegamente. A falta faz com que consigamos ver quem realmente nos importa, quem não podemos nos imaginar sem. 
       Um dia perguntaram o que era felicidade pra mim. Pensei um pouco antes de responder, mas até que cheguei à uma resposta interessante. Felicidade definitivamente não é um sentimento perpétuo, é uma sensação momentânea. Às vezes dura um segundo, às vezes dias, mas não deixa de ser efêmera. 
      Felicidade é uma pequena faísca, muito delicada por sinal, afinal se apaga facilmente e se ascende apenas com um portentoso motivo.
       

Só é possível fugir do passado quando se encontra algo melhor. - Nicholas Sparks

I guess I just found it...

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Corrigindo uma prova de Português...

Estranho sentir essa brilhante bonança
Num momento em que nem ao menos esperança
Ilumina este mundo de papões
Que assusta e aflige até os mais nobres dos corações

Ventos trazem palavras
Que roubam os sons dos guizos
A chuva me traz as lembranças
Dos mais belos e sinceros sorrisos

Diferente do que um dia já foi
As nuvens não têm mais forma
Ou perdi aquele doce encanto
De criança que respeita a norma



segunda-feira, 16 de abril de 2012

Noite na Galeria...


Era fim de tarde de um dia meio chuvoso e frio. Cheguei em casa e me deparei com minha mãe totalmente empolgada, perguntei o motivo e então ela me explicou que meu irmão estaria expondo seus quadros numa galeria naquela noite. Jamais havia imaginado que suas pinturas, de certa forma peculiares mas não muito vibrantes, pudessem chegar ao ponto de estar em uma exposição.
            Mesmo cansada e repleta de trabalhos a realizar, fui forçada pela minha mãe a ir na tal galeria, pois segundo ela um irmão deveria apoiar o outro. Logo na entrada, fiquei de cara amarrada, mais parecendo uma criança emburrada que não queria estar ali. Então, para me distrair, comecei a observar as pessoas que estavam ao meu redor: vi um menino com feições de interrogação, certamente não entendera o quadro que observava. Vi um casal a admirar uma linda paisagem que no fundo estava uma casinha de cor branca, na qual eu bem que queria poder morar. Até que avisto uma garota muito bem concentrada avaliando os detalhes da pintura de meu irmão.
         Cabelos e olhos negros, estatura média, usava óculos. Parecia realmente gostar do que via e, por parecer a única vivente interessada em algo naquela sala, fui conversar com ela. Sua voz possuía um tom doce, media muito bem cada palavra pronunciada. Era uma garota muito inteligente e, de certa forma, tinha um pensamento diferente das garotas da nossa idade, mas que se assemelhava ao meu. Descobri que gostava muito de ler, qualquer livro que lhe apresentassem já era motivo de embarcar em sua história. E falando em história, também era uma matéria que a deixava fascinada.
        Antes de nos despedirmos, porém, minha curiosidade estava me corroendo e tive que perguntar qual dos três quadros a sua frente, afinal, ela tanto encarava. E então ela respondeu:
- Está vendo aquele ali, com uma sala cheia de espelhos? Pois então, estava observando aquela pequena menina que está pintada no reflexo de um deles, bem ali, - apontou ela- se parece muito comigo.
Olhei para o quadro. Jamais o havia visto tão de perto. Realmente havia uma menininha. Bem miúda, de feições meigas, estava a dançar, vestida de rosa, a tão delicada bailarina.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

E numa aula de Religião...

Eu sei que a vida muda e os caminhos trocam
As pessoas às vezes ficam e às vezes vão
Porém mesmo que ninguém entenda, sem nem ao menos se importar com a razão
Ainda as deixam ir e permanecem a sós com a ilusão

Mas por que não permanecemos iguais
Contradizendo tudo que a sociedade tentar nos impor
Mostrando que podemos superar muito mais do que um simples torpor?

Percebo que o mundo gira em torno de certos ideais
Mas é de nosso consentimento seguí-los ou não como princípios fundamentais
Porém, o detalhe é que o que fizermos será indiferente
Mas o modo que executarmos permanecerá eternamente


sexta-feira, 16 de março de 2012

Antiga Benção Celta...

"Que o caminho venha ao teu encontro.
Que o vento sopre sempre às tuas costas,
e a chuva caia suave sobre o teu campo.
e até que voltemos a nos encontrar,
que Deus te sustente suavemente
na palma de Sua mão.
Que vivas todo o tempo que quiseres,
e que sempre vivas plenamente.
Lembra sempre de esquecer as coisas que te
entristeceram, e não esqueça de se lembrar das
coisas que te alegraram.
Lembra sempre de esquecer os amigos que se
revelaram falsos, mas nunca deixes de lembrar
daqueles que permaneceram fiéis.
Lembra sempre de esquecer os problemas que já passaram, mas não deixes de lembrar das bençãos de cada dia.
Que o dia mais triste do teu futuro, não seja pior
que o mais feliz do teu passado.
Que o teto nunca caia sobre ti,
e que os amigos debaixo dele nunca partam.
Que sempre tenhas palavras cálidas em um
anoitecer frio,
uma lua cheia em uma noite escura,
e que um caminho se abra sempre à sua porta.
Que vivas cem anos, com um ano extra para
arrepender-te.
Que o Senhor te guarde em Suas mãos,
e não aperte muito Seus dedos.
Que teus vizinhos te respeitem,
que os problemas te abandonem,
os anjos te protejam,
e o céu te acolha.
E que a sorte das colinas celtas te abrace.
Que as bençãos de São Patrício te contemplem.
Que teus bolsos estejam pesados,
e o teu coração leve.
Que a boa sorte te persiga, e a cada dia e cada noite tenhas um muro contra o vento, um teto para a chuva, bebida junto ao fogo, risadas que consolem aqueles a quem amas, e que teu coração se preencha com tudo o que desejas.
Que Deus esteja contigo e te abençoe,
que vejas os filhos dos teus filhos,
que o infortúnio te seja breve e que te deixe cheio de bençãos.
Que não conheças nada além da felicidade
deste dia em diante.
Que Deus te conceda muitos anos de vida.
Com certeza Ele sabe que a Terra não tem anjos suficientes.
E assim seja a cada ano, para sempre !"



sábado, 25 de fevereiro de 2012

É assim que funciona...

     O que seria da vida se não fossem os amigos? Seria uma infortuna e incrível perda de tempo. É meio que mágico o jeito que eles têm de melhorar tudo. Conseguem nos fazer sorrir por nada, transformam um dia nebuloso em um dia recordável, e afastam qualquer ideia negativa que ameaçar invadir nossa mente.
      Quando não temos nada para fazer e esse momento se torna insuportavelmente chato, nada é melhor que uma boa conversa com pessoas que têm tanto passado compartilhado conosco. Durante um dia de chuva e conversando então com um amigo, nos recordamos de um episódio que nos ocorreu várias vezes no primeiro ano do ensino médio. Eu tinha certa dificuldade de enxergar o quadro, pois ainda não usava óculos, e acabava perguntando ao meu colega ao lado o que estava escrito na lousa. Este, antes de me dizer, perguntava há outra menina. Depois que ele me respondia, eu também passava a outra colega nossa, que passava para outro menino, o qual encerrava o ciclo falando para galera do fundão o que estava escrito. Ri muito ao saber da história toda, e também o fizeram todos meus amigos quando descobrimos, porque nenhum sabia da quantidade de gente que estava envolvida nisso tudo. E o mais legal é que esse sistema, por mais maluco que fosse, funcionou durante o ano inteiro, era praticamente um telefone-sem-fio que ninguém sabia que participava.
     E é assim que mostramos como nossas vidas são conectadas de um modo interessante. Ouvi dizer que há várias linhas entre nós e nossos conhecidos em geral. Porém, são linhas que jamais se rompem, apenas se completam e aumentam cada vez mais durante nossa cavalgada em busca de nossos mais secretos e discretos sonhos. 







    

sábado, 28 de janeiro de 2012

Today was a Fairy Tale...


Sabe, creio que em cada viagem, nós fazemos descobertas, seja sobre nós mesmos, seja sobre as pessoas que nos acompanharam.
            Descobrimos novas manias, nos encantamos com algumas ações. Numa viagem, temos a oportunidade de conhecer melhor e o pior de cada pessoa, o que por vezes pode ser chato e revoltante e por vezes engraçado e interessante.
            Às vezes conhecemos pessoas diferentes. Com algumas, simpatizamos de primeira, com outras, nem de segunda nem de terceira. Engolimos alguns sapos, mas também dizemos bobagens a beça. O melhor de estar em outro país é que não interessa o que você faça ou quanta vergonha você passe, você é estrangeiro, sempre terá aquela manha do:  “Ah, me desculpe, não sou daqui...”. Isso é fato.
            Voltar para casa, acaba se tornando algo estranho porque sabemos que quinze dias passamos longe daqui, mas isso não parece real. E daí, quando vamos ver as fotos e provar a nós mesmos que foi, ao olhar para elas parece que tudo aquilo aconteceu há muito tempo. É sinistro!
            Às vezes eu queria poder voltar e viver tudo de novo como se fosse a primeira vez. Ser surpreendida como se nunca tivesse sido antes, dizer novamente o que já havia dito, rir, tirar fotos, enfim, ter a mesma sensação duas vezes.
            Porém, eu me pergunto por que isso nunca ocorre, e eu cheguei a uma conclusão: porque é simplesmente impossível! Não importa o quão feliz você esteja, ou o quão cabisbaixo você se sinta, nunca acontecerá de novo. A vida é muito curta para repetirmos a mesma experiência. Além disso, os sentimentos crescem junto conosco, então estão sempre mudando também. Cada vez será diferente. Nós temos que experimentar toda e qualquer sensação que nosso cérebro quiser nos mostrar.
            É incrível como isso funciona. Nosso cérebro pode nos fazer sentir tri felizes em um momento e do nada a gente acha que a vida é uma droga. Ele parece até mesmo o Mestre dos Magos de vez em quando, mas acho que não é por mal, ele só quer nos deixar escolher nossos próprios caminhos.

         Tudo isso é muito estranho e difícil de acreditar, mas pelo menos é um momento mágico, que vale a pena.