quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O que é o passado?

     É tão estranho olhar para trás. De repente tudo parece-me tão diferente, meu jeito de pensar, os lugares a frequentar, os problemas com os quais tenho que lidar. Nunca imaginei, nunca mesmo, que me emocionaria ao ler o que escrevi no passado. Por mais singelas palavras, por mais estúpidas suposições. Li frases que hoje fazem sentido, mas não lembro do sentido que dei a elas meses atrás.
     Pois é, estive visitando todo aquele tempo de passagem entre a oitava série e o meu ensino médio, toda aquela nostalgia que sentia voltou agora num simples piscar de olhos. Lembrei-me de situações que eu havia deixado minha memória esquecer, lembrei-me de poesias que eu havia deixado meu coração carecer. Esqueci-me totalmente da minha percepção de mundo, inclusive, deixei os anos levar de minha mente algumas explicações para as frases que eu anotava em meu caderno. Não há melhor jeito de visitar nosso passado do que abrir nossos antigos cadernos, há tanto o que se ler naquelas capas...
     Tive, nessa tarde, a oportunidade de me lembrar da minha infância, mas quando digo infância, não me refiro que agora sou uma pessoa adulta. Não. Sou apenas uma adolescente procurando um sentido nessa vida totalmente maluca com a qual fui presenteada. Voltei aos meus sete, até mesmo oito anos. Nessa época eu passava as tardes em casa apenas na companhia de minha avó, não tinha grandes responsabilidades e muito menos preocupações, passava meu tempo assistindo à desenhos animados na TVE, vê se pode. Mas o que fez meu coração apertar hoje, foram as lembranças dos momentos em que eu e minha avó fazíamos certas artes nessas tardes tão tediosas. Nos divertíamos muito fazendo algo um tanto incomum para crianças daquela minha idade: comida. Sim, passávamos nossas horas fazendo biscoitos, bolos, pães, pudins, e tudo que é tipo de guloseima que uma criança pode gostar. Claro, escutando a estação de rádio favorita de minha avó. Isso era algo reconfortante, e que enlouquecia minha mãe, afinal, dieta era algo que não rolava quando ficava só nós duas em casa.
     Tudo isso veio a minha mente hoje à tarde quando eu e minha vó nos vimos juntas novamente em frente ao fogão cozinhando pudim para a nossa famosa Torta de Bolacha. Dessa vez com uma trilha sonora escolhida por mim.
     São dias assim que nos fazem pensar em como a vida dá voltas e que tudo nela tem retorno, é só esperar, ou melhor, não esperar, porque daí você será surpreendido assim como eu fui na tarde de hoje, e então o tempo se encarregará de fazer o resto.  

domingo, 16 de outubro de 2011

Uma única noite...

     Sabe quando você se mete em alguma coisa mas não fazia ideia que ela seria tão especial?!
     Por meados de maio, nós, debutantes, nos inscrevemos no clube Farrapos para participar do baile de debutantes 2011. Quase ninguém se conhecia, quase ninguém queria efetivamente estar ali por vontade própria. Naquela época, pensávamos: "Ah, me inscrevi, mas vai demorar muito até começarmos nossos encontros", porém não sabíamos que agosto chegaria tão cedo. 
     Logo no primeiro dia, uma se apresentou para a outra e conseguimos, de certo modo, conversar sobre assuntos em comum. Os dias foram passando, os vínculos foram ficando mais fortes. Até que podíamos chamar uma a outra de amiga. Juntas, desabafamos, choramos e resolvemos problemas. Rimos, nos divertimos, escolhemos vestidos, brigamos com nossos sapatos. Passamos por momentos totalmente únicos que só a gente entende. Nossos padrinhos não podiam deixar de fazer nossa noite ainda mais brilhante com a alegria que irradiava de seus olhos, deixando transparecer toda a felicidade ao dançarmos a terceira valsa juntos. Lembranças é o que não faltará, não só da noite, mas também de todos os dois meses de convivência. Claro que nossos pares não podem ficar fora desta relação toda, eles nos renderam boas risadas. Durante a valsa, conseguíamos (não sei como) conversar entre casais, e o melhor, sem perder o ritmo da música. Algumas meninas precisaram um pouco de ajuda de outras para encontrar um par, tiveram que deixar a vergonha de lado, o nervosismo de canto e ir convidar mesmo, sem medo da resposta, e no fim, deu tudo certo, as respostas foram correspondidas do jeitinho que nós queríamos.
     Sessão de fotos, clipes, trocas de roupa, escolha de música. Tudo aconteceu e cada vez nós ficávamos mais contentes de estarmos ali. Até que chegou o grande dia, ou melhor, grande noite. Com uma inesperada troca de horário de verão, mas tudo bem, a festa ia continuar. De repente, o começo do fim se aproximou.
       Ouvimos nosso nome, palmas começaram a soar, nossa música começou a tocar, nosso par pegou nossa mão e descemos os temidos degraus da escada. Olhamos ao redor e tudo parecia um sonho, ali estavam nossos amigos e familiares, todos sorrindo, aplaudindo, e a melhor sensação era saber que eles estavam ali por você. Pronto, agora a sociedade já podia começar a temer, afinal, não estamos aqui em vão. Valsas e mais valsas, fotos e mais fotos. Para outros, aquelas valsas eram apenas uma dança, mas para nós, elas eram uma marca. Elas ficarão em nossos corações para sempre como momentos que merecemos ter. Íamos aos encontros todas as noites, independentemente do que estava acontecendo. Semana de provas eram ignoradas, dores eram desconsideradas e problemas emocionais?! Bom, estes, a gente levava o que podia e compartilhava umas com as outras.
     A única certeza que eu tenho e posso falar que estava se passando na minha cabeça na hora é que aquilo era incrível, o resto, é indescritível. Só mesmo estando lá pra saber. É um turbilhão de emoções que eu nunca havia sentido antes, mas que eu quero muito sentir de novo, e algum dia, tenho esperança que irei.


"Tanto tempo esperando, tanto tempo se preparando, agora, pisco os olhos e parece que tudo foi tão rápido, mas ainda assim, foi tudo perfeito!"