quarta-feira, 6 de maio de 2015

Outonos, desde muito para o que espero não ser eternidade.

       Por que tudo me acontece no outono?
       Conheço alguém que vira meu mundo de cabeça para baixo. Acontece tudo como realmente deveria acontecer. Acho ele inicialmente bonito, depois carinhoso, educado, querido, inteligente, engraçado, e, o melhor, faz eu me sentir bem. Então, quando percebo, já espero mensagem dele, quero ver, sentir, conviver, lembrar o do som do sorriso que foi dado comigo. Quando vejo já dei um jeito de saber a cor favorita, e sei cada letra de suas músicas prediletas. Sei de algumas angústias, inclusive. Sei, apenas sei, por mais que eu não quisesse, por mais que eu não esperasse, por mais... que me apaixonei.
       Porém, de repente, com ou sem motivo plausível e escusável, meu mundo desmorona. Começa a ventar em Porto Alegre e eu não sei mais o que fazer. O que eu pensei um dia possível, no outro não me voltou com uma certeza segura. Ainda sinto, sim, mas não posso, talvez não deva. Ainda quero desejar-lhe boa noite, mas, será que ele quer?
       E nesse momento eu já sei o que será, de novo, do meu inverno e primavera. Uma mera restauração do que tentei salvar, mas colidiu. Uma tentativa vã de apagar o que pensei que viria. O outono passa por mim  eu nem vejo porque ainda espero, numa esperança ridícula de meu sorrir coincidir com o dele. Nossos olhos se cruzam e tenho quase certeza que queremos a mesma coisa e naquele momento somos estritamente quem precisávamos ser, mas nada acontece, nada diz, nada responde.
        Tento mudar, mas sou leal. Até à dor eu sou leal. Deixo que ela vá quando bem quiser, e não consigo seguir em frente antes de terminantemente celebrado o fim da dor, do sentir, do esperar, do retroagir. Logo esta estação que gosto tanto, se vai sem se despedir. Deixa para mim lembranças do que poderia ter sido, mas que não foi. Do que eu senti, mas não pude demonstrar. Do mundo que eu criei e das coisas que abdiquei, mas no qual não pude viver e as quais sozinha não posso resolver.