De uma forma estranha, os carros não cessavam e o sol
não tinha jeito de ser pôr. Pensei que
talvez fosse pelo fato de estar um pouco frio e, sei lá, a lua o tivesse pedido
para que ficasse um pouco mais.
Tenho a certeza de que a lua nem
sempre me acompanhou em todos os momentos mais nostálgicos ou talvez
migratórios da minha vida, mas ela nunca se mostrou uma má companhia. Ela
sempre foi sutil e muitas vezes me fez esquecer o que me agoniava. Estranho
pensar, de fato, que ela também estava comigo em meus melhores sonhos, ainda
que eles tenham se tornado uma raridade dentro de alguns dias. Ela estava lá
quando eu percebi que não tinha mais o que fazer, quando escrevi mais do que
minhas mãos deveriam suportar, quando vi um filme que me fez pensar, quando
havia um livro que não me deixava descansar e também, inesperadamente, em
algumas manhãs quando saía de casa para mais um dia imprevisto e sorteado nessa
capital sem um devido lar.
De certa forma, ela me mostrou
que tu nunca vai saber a hora que o fim
chegará. Então, quando perceber, pedirá por apenas mais 5 minutos daquele
sentimento. Aqueles 5 minutos adicionais que você se dá por direito ao final de
cada momento marcante da tua vida. É como se tu te sentisse menos culpado ao
prorrogar algo que foi (ou está sendo) bom. Como se tu tivesse aproveitado mais,
vivido mais. Quando na realidade, nada passou do que realmente era para ser e
dos seus minutos a mais.
Por
muitas vezes prolonguei alguns momentos apenas para ter a certeza de que fiz o
que realmente poderia até o fim. Esperei que as salas ficassem vazias e que no
pátio houvessem apenas as folhas sob a brisa fria. Esperei para ouvir cada
última palavra e aguardei, também, que o ferro secasse as borrifadas que dei em
minha vestimenta para frisar.
É
lógico que este texto não tem uma linha para seguir. Nem sempre falei da lua
quando me referia a meus agradecimentos, e nem também da minha farda. Tudo
acaba por se misturar, assim como os sentimentos que teimam em queimar. Chegamos
no fim, andando cautelosamente em nosso flautim. Compusemos tão bem as nossas
narrativas, que conseguimos vive-las sem menores iguarias. Nada no mundo nos
fará repetir esse doce cansaço que queremos, por ora, extinguir.
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