Escrevo
para desabafar, escrevo para me confessar, escrevo para não surtar. Meu remédio
de dias tristes, meu limite de dias contentes. Meu modo de não apoquentar quem
eu amo com meus extremos de personalidade.
Tão
chato ser trágico, tão chato ser otimista. Incomoda ser realista, estranham se
lê filosofia. Pessoa, Dickinson, Sparks, Perkins e Nietzsche,
grandes amigos para dias em que uma xícara de chá com leite acompanha os mais
variados pensamentos da vida corrente. Tudo muda o tempo todo e o que pensei
eternizado já foi até deixado em folhas amassadas numa tarde de inverno num dos
bancos da Redenção, ao lado de uma barraquinha de pipoca doce. Aquela pipoca
que você saboreou enquanto comprava terrenos com dinheiro falso e seus passos
eram controlados por dois dados azuis transparentes.Você era apenas um pedaço de metal.
Descobrir que ama alguém no momento em que vê ele
atravessando a rua e, na sua cabeça, surge um novo assunto que gostaria de
conversar, um novo abraço que gostaria de dar, mas com o mesmo perfume,
gostaria de também receber. Sussurros que trazem segredos inquietantes,
inexplicáveis conspirantes. Sabe mais dos seus dezesseis anos de história do
que aqueles que comemoram seu aniversário do seu lado desde que se lembra ser
sempre. Conhece suas manias, convive com seus medos. Consegue tirar suas
angústias e te afastar da ideia do que achava que seria apenas mais um dia de
tédio.
Estranho sentir o tempo tão refulgente em seus mais ultrajantes desfiles que passam enquanto somos distraídos pelo vento ou pelos próprios olhares de quem isso não entende. As cores se transfiguram e não mais é discernido aquele vulto de seriedade do seu sonho de verdade.
Talvez nada mais faça sentido e muito difícil se repita o ocorrido. Nos conformemos com o silêncio e não podemos esquecer de lembrar das palavras já escritas. As pronunciadas para sempre serão relembradas e, quem um dia ousar, recontadas, mas as escritas, se reconstruídas, se tornarão enjoativas, pobres fonemas que servem apenas de acalento ao mais conturbado contento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário