domingo, 28 de outubro de 2012

Sua partida seria um recomeço...

       O vento entra pelas venezianas de minha janela. O convido a entrar, lhe é mostrada a casa e assim o assisto ir embora novamente. Temo em dizer que foram as visitas mais rápidas que já recepcionei. Um simples beijo em minha face e lá se foi ele. Silencioso, fugaz, livre.
      Posso dizer que sinto sua falta quando as fortes chuvas o impedem de acenar para mim. Então busco sua presença ao notar as folhas das árvores, já dispostas no chão, sendo arrastadas para longe.
        O que realmente me encanta nesta gesticulação toda é que, embora o vento me envolva, ele me liberta. Embora lute contra minha ida, ele se aquieta, respeitosamente, e espera minha partida. Quando percebo, lá vem ele atrás de mim, apenas se certificando de que tudo ficará bem. E mesmo querendo eu que ele não me deixe, também deverei ceder à sua vontade de seguir adiante. Gostosa é nossa relação.
         Penso que não importa se falamos um para o outro: "Não se preocupe comigo.", óbvio que o faremos. Assim como perceberei algo errado caso ele não sopre por alguns dias, o mesmo ele fará caso minha janela fique cerrada por muito tempo.
         Vivemos uma vida de saudade, é verdade, mas nada que alguns minutos juntos não nos faça esquecer. Se estes se fazem apenas esporadicamente, é o suficiente. Simplesmente para eu saber que tudo entre a gente ainda pode ser intenso. Afinal, mesmo que não o veja, ainda sou capaz de senti-lo.




Nenhum comentário:

Postar um comentário